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29 janeiro 2014

Reencontros - 9. A qualquer distância o outro te alcança


Hoje eu não esqueci que tinha que postar Reencontros :).
Na semana que vem vocês vão conhecer um pouquinho mais do Maurício.
    

  A qualquer distância o outro te alcança


Aqueles dias típicos do verão carioca, onde as pessoas andam na rua com a cara amarrada por causa das gotas de suor escorrendo pelo rosto, mas não ali.
Debaixo daquela árvore, um antigo casal tentava resolver seus assuntos pendentes que haviam ficado escondidos no passado.

Não que Emma quisesse de fato ter aquela conversa, mas Felipe não parecia muito disposto a deixar a oportunidade passar.

Emma puxou a mão que Felipe prendia e se sentou de novo, mas não conseguia olhar para ele.

_ Eu sei que você quer ficar. _ Ele quebrou o silêncio.
_ Eu não posso ficar. _ Ela disse.
_ Por que não? Não vejo nada que te impede.
_ Porque ficar seria regredir e na vida a gente anda pra frente, não para trás.
_ A para com essa filosofia barata, Emma. Isso é ridículo.
_ Ridículo é eu estar tendo essa conversa com você. _ Disse irritada. _ Eu não mudei, Felipe e você pelo visto também não.
_ Você tem razão. _ Ele disse pensativo. _ Continua tudo a mesma coisa, ainda te que quero tanto quanto a dois anos atrás.



Aquilo a pegou de surpresa, mas estava decidida a não se deixar abalar por ele, sempre cedia e não podia fazer aquilo com Maurício.
Suspirou e respirou fundo tentando pensar nas palavras certas. _ Eu sei que nunca facilitei muito as coisas, mas era difícil me deixar levar por um cara como você. Quer dizer, sempre fomos amigos e você sempre me falava de uma mulher diferente, eu não podia simplesmente chegar e dizer que estava apaixonada por você.

_ Pode fazer isso agora. _ Ele disse.
_ Não posso, não. Eu estou com o Maurício e eu... eu gosto muito dele.
_ Tanto quanto gosta de mim?
_ Por que você está fazendo isso justo agora? Eu sabia que você ia ficar incomodado de me ver bem, podia pelo menos fingir que está feliz por eu estar bem.
_ Eu estou feliz por te ver bem, Emma, mas não me peça para ficar feliz vendo você com outro cara.
_ Logo eu volto pra casa e você não vai mais ter que pensar sobre isso. _ Ela se levantou.
_ A sua casa é aqui. _ Ele se levantou também.
_ Esquece, Felipe. O pretérito perfeito pertence ao passado. _Deu as costas para ele e já ia se retirando.
_ Emma. _ Ele a chamou.
Ela virou-se só para ser pega de surpresa por ele quando a beijou. Ainda tentou empurrá-lo, mas nunca foi capaz de recusar um beijo de Felipe e se odiou por isso. _ Eu já disse que detesto quando você vem com essas filosofias baratas. _ Felipe disse quando a largou.
Emma o empurrou irritada. _ Me esquece, Felipe. _ Disse com raiva, como quem não tivesse gostado do beijo roubado, mas os lábios vermelhos e o coração acelerado a condenavam.
Pegou a bicicleta caída na grama e com o resto de dignidade que tinha foi embora, não precisou olhar para trás para saber que tinha um sorriso torto no rosto dele.

Estava tão confusa que quando se deu conta já estava de volta a casa dos pais, nem se preocupou em ter deixado Rodrigo para trás. Depois acertaria as contas com o irmão.

O carro na garagem denunciou que eles já tinham voltado da pescaria com Maurício. Respirou fundo e entrou.

A primeira coisa que viu foi a mãe com o tabuleiro de lasanha na mão. _ Seu irmão veio se alimentar aqui, né? _ A mãe perguntou com cara de poucos amigos  Emma fez que sim com a cabeça. Estava muito chateada com Rodrigo para pensar em livrá-lo de uma enrascada com a mãe.

Dona Célia sacudiu a cabeça em sinal de desgosto e começou a xingar impropérios contra a cunhada de Emma, mas ela não estava com o humor muito bom para achar graça da situação.

_ Seu namorado leva jeito para pescar. _ O Sr. Antônio disse orgulhoso do genro, os dois estavam se entendendo muito bem e isso fez Emma sentir ainda mais remorso.
_ E onde Maurício está? _ Perguntou.
_ No banho, acho que peguei um pouquinho pesado com ele.
_ Seu pai quase tirou o coro do rapaz, ele está exausto.
Emma aproveitou a oportunidade para se trancar no quarto, não tinha coragem de encarar Maurício depois de ter beijado Felipe, mesmo que tenha sido pega de surpresa porque tinha gostado do beijo e aquilo a estava matando de remorso.
_ Eu vou pro inferno. _ Praguejou. _ Sou uma maldita de uma traidora.
Jogou-se na cama arrancando as roupas e deixando o ar frio do ar condicionado consolar a pele.

Passou o restante da tarde trancada ali e a noite inventou um mal estar para não ter que acompanhar a família no jantar.

Aquele quarto sempre foi como um abrigo, todas as vezes que algo dava errado, Emma passava horas e às vezes dias trancada ali até a dor passar.

Já era madrugada quando conseguiu pegar no sono, mas não durou muito tempo até que um pesadelo a abordasse.

Não sabia o que devia fazer, não queria perder Maurício, ele era tudo o que ela sempre quis em um homem, mas não conseguia mais negar que ainda sentia algo por Felipe e sabia que ele sempre seria capaz de abalar suas estruturas.

Mas será que um amor que faz com que você perca o chão e te tire do sério de maneiras que nem você consegue entender pode ser saudável? Emma sabia que, para ela, não.

Por mais que seu coração sempre tivesse desejado estar ao lado de Felipe, ela sabia que ele era veneno para ela e queria manter a maior distância possível entre eles, mas como poderia encarar Maurício sem contar para ele o que tinha acontecido entre ela e Felipe.

Emma sempre se orgulhou de ser sincera, pelo menos no que diz respeito a ser uma pessoa que tem certo asco por mentiras. Sabia que não conseguiria dormir em paz até contar tudo para Maurício.

Levantou-se  aproveitou a escuridão e silêncio da casa para sorrateiramente ir até o quarto em que ele dormia. Estava decidida a abrir o jogo com ele e se ele a perdoasse, diria sim a seu pedido de casamento e cuidaria para manter toda a distância possível de Felipe pelo resto da vida.



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